16.6.05

Concepção ideológica

Para a maioria das pessoas, criar uma ideia completamente nova, é muitas vezes uma tarefa deveras complicada. Todos nós temos os nossos sistemas de ideias que criamos desde a infância, e outro qualquer sistema de ideias deixa de ser razoável. As novas ideias que vamos criamos ao longo do tempo, (ideias que criamos quando somos confrontados com novas situações) podem ser denominadas de razoáveis de estas se coadunarem com o nosso próprio sistema ideológico familiar, e são completamente irrazoáveis se não as conseguirmos encaixar. Ora, a dificuldade da concepção de novas ideias, (e quando digo novas ideias falo em ideias diferentes até na sua própria concepção e base de sustentação) poderá ser combatida com o fluir dos nossos preconceitos intelectuais e daquilo a que chamamos razão. Acordamos com a cabeça completamente preenchida por dogmas que não permitem que evoluamos conceptualmente, e acreditamos que cada passo dado no sentido da mudança radical de opinião é já o término de um objectivo evolutivo que se chama mudança.
Esta mudança de opiniões é algo que não podemos definir como uma acção coerente em relação a nos próprios, mas sem dúvida que podemos dizer que, uma mudança real na concepção ideológica é uma adaptação consciente a novas situações bem como um poder de apreender relações entre ideias.
A nossa matriz ideológica tem que mudar gradualmente mas é imperativo que assim aconteça, se não, acabamos corrompidos pela informação e acabamos como concubinos da defeituosa sociedade igualitária (defeituosa, não pelos utópicos direitos, mas pela perda da identidade individual).

14.6.05

Êxodo metrópole

Não me restam duvidas, que Lisboa é um dos piores locais para se viver, a qualidade de vida é diminuta em muitos aspectos, a qualidade do ar, das aguas, o tempo que se demora a chegar a qualquer lado por muito próximo que este se encontre, a individualidade cosmopolita é assustadora, praticamente tudo é mais caro, resumindo, tudo é mau quando comparado com uma outra qualquer localidade do pais, onde a maior parte dos serviços existentes em Lisboa também já por lá existem, a tranquilidade que se vive longe de uma grande cidade permite ganhar horas preciosas que normalmente se perdem nas filas de transito e de outro qualquer lugar onde se vá. Acabamos vivendo acomodados ao lugar onde nascemos e com receio de deixarmos para trás um lugar onde construímos a nossa vida, mas a solução para uma mudança é mais fácil que a própria atitude de mudar, basta nos despegarmos um pouco daquilo a que estamos habituados.
Com investimentos gigantes em vias de comunicação e com praticamente todos os serviços disponíveis na world wide web a vida num qualquer lugar remoto tornou-se vez mais fácil, e com todas as vantagens que acima referi como aspectos negativos de uma grande metrópole.
O usufruto de uma natureza cada vez mais rara ainda é possível se nos afastarmos um pouco das grandes cidades, não existe tamanha beleza como um céu estrelado como nunca se vê nas noites citadinas, a quantidade de estrelas é inacreditavelmente grande, durante o dia o barulho dos automóveis é trocado pelo cantar dos pássaros, a indiferença dos transeuntes desaparece para se instalar um constante cumprimento por aqueles que passam por nós, basta um dia num ambiente assim para que um diferente sorriso se instale nos nossos rostos.

7.6.05

Quem sou eu?

Eu talvez não seja eu
Eu talvez não seja outro

Eu talvez seja qualquer coisa de intermédio
Eu talvez seja como uma pedra que divide um rio

Eu talvez seja um beijo de sal
Eu talvez seja uma cereja madura

Eu talvez seja o que sorri ao sol e à chuva
Eu talvez seja o que chora ao sol e à chuva

Eu talvez seja o albatroz
Eu talvez seja o macaco pigmeu

Eu talvez seja solidão
Eu talvez seja multidão

Eu talvez seja o calado
Eu talvez seja o que não se cala

Eu sou o que quero
Eu sou o que querem

4.6.05

Confronto

Introspecções momentâneas daquilo que a realidade é, são apenas possíveis conjecturas de uma eventual possibilidade, porque no limiar da verdadeira existência, aquilo que realmente se é, não deixa de ser condicionado pelos padrões culturais envolventes, mas obviamente que o carácter afecta todo esse sistema estável que é o binómio: realidade biológica/sociedade envolvente. O carácter afecta de tal maneira o bom senso de algumas pessoas que começam a acreditar de tal maneira na realidade criada apenas por elas, que começa a ser uma verdade una e infinitamente real que ultrapassa a razão unânime da comunidade. Quando tal acontece, e se é seguido por alguém, sentimentos como a “pena” (que à partida não deveriam existir) deixam de existir. Como alguém me disse uma vez: “ é preferível um inimigo que uma paz enganosa”, comecei a corroborar a 100% com tamanha simplicidade de um sentimento tão complexo.

1.6.05

Doce de Criança

Passam os dias, passam as noites, tento esquecer a tarte de baunilha pensando na de chocolate, mas basta a ver para ficar novamente a sonhar com a manha em que provei tão saboroso prazer, não consigo passar sem ela, não a quero largar, sei que bem não faz, mas porque viver sem tamanho prazer, sei que viver com tamanha doçura vai me fazer chorar, chorar de infinita felicidade, chorar por ter o maior sorriso, chorar por ver tamanha festa de luz, mas que interessa, quero aproveitar cada momento, quero agarra-la como uma criança agarra na sua mãe, como uma cereja se agarra à cerejeira.
A tarte de baunilha parece não se estragar, ela continua com o brilho, com o cheiro, com o mesmo sabor da manha de primavera em que a provei pela primeira vez.
Porque és tão deliciosa tarte de baunilha?
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