31.3.05

Aconteceu

A cultura da telenovela, é impiedosa ao ponto de conseguir fixar milhares de pessoas em frente ao aparelho estupidificante, a cultura Portuguesa nos últimos 20 anos é sustentada em parte por uma realidade, não real, terá de ter consequências, negativas certamente, historias de vida imaginadas miraculosamente ajudam a sonhar e a ter como bases de preconceito, coisas que nos impingem de uma realidade diferente da nossa, a realidade Brasileira (a maior parte das vezes) que é diferente da nossa em vários aspectos. São historias que fazem parecer a vida quotidiana de quem as vê um autêntico fracasso, e não admiro que muitas pessoas cheguem a um ponto pré depressivo por não conseguirem atingir vidas amorosas e profissionais perfeitas, idênticas as das suas queridas personagens. Extrapolando agora para o cinema, a própria imagem do actor que acaba por ser o ídolo de muita boa gente é sustentada por uma imagem que essas pessoas gostariam de alcançar, por isso o sucesso alcançado por eles. Não percebo como um horário nobre televisivo é totalmente preenchido por uma variada panóplia de novelas em vários canais, e o mais estranho é que todos têm as audiências bastante elevadas. Não seria melhor tentar oferecer ao telespectador um outro tipo de programas, programas esses que tivessem uma base cultural, ou educativa suficientemente elevada para que fosse de alguma maneira pedagógica, em vez de tentar esconder os problemas do dia a dia durante algumas horas, com uma outra fonte de problemas. Mas infelizmente a culpa não é só das pessoas que assistem, por muito que durante alguns anos tivessem limitadas a 4 canais, e eram impingidos com a programação que as estações televisivas escolhiam, outras opções existem, mesmo para quem não tem acesso a televisão por cabo. O problema reside no facto de sermos quase obrigados (para quem esta viciado em ver televisão) a ver o que eles querem….a programação é basicamente idêntica em 3 dos canais…os filmes são sempre do mesmo género, e repetidos uma mão cheia de vezes, ou são filmes de guerra à noite, ou então ao fim de semana os filmes são ou de animaizinhos que falam, ou criancinhas com doenças (como diz um amigo), intervalando com uns quantos do Indiana Jones, o único canal que se diferencia pela qualidade é a 2 que aposta numa programação alternativa aos outros canais, com uma programação que minimiza um pouco a carência de bons programas, mas mesmo assim a direcção deste canal apostou, não sei bem baseado em quê, de acabar com um dos melhores programas, esse programa era o Acontece, apresentado por um dos melhores jornalistas Portugueses, programa que deixou de ir para o “ar” há já algum tempo.
A televisão Portuguesa bem como todos os outros meios de informação para massas, são propriedade dos maiores grupos económicos, todos esses grupos fazem questão de ter alguma ferramenta para poderem “passar” a informação da maneira como entenderem que seja mais adequada aos seus próprios interesses.
Não admira porque a pouca qualidade e variedade oferecida aos telespectadores, assim torna-se mais fácil, oprimir alguns pensamentos mais ociosos e perigosos para a estabilidade social, a favor dos interesses de alguns.

30.3.05

Biblioteca de Babel

Que vai acontecer as tradições e aos conhecimentos empíricos perdidos, quando deles apenas sobrar uma efémera recordação rascunhada em papel ou numa velha fotografia amarelada? Que acontecerá as virtudes que adviram delas? Será que devido ao êxodo rural muitas delas já se perderam? Será que a centralização das populações fizeram com que hábitos e costumes por si só ricos pela diferença geográfica se perderão num futuro próximo? Será que as novas gerações deviam ter a preocupação e a obrigação de as guardar religiosamente para mais tarde as transmitir como sucedeu desde o mais remoto registo histórico? Será que estamos conscientes das consequências que essas perdas provocarão?
Acredito que muitas tradições e conhecimentos empíricos já se perderam, e sem certezas estatísticas ou de registo, acredito pela movimentação das populações nos últimos 50 anos que o “know-how” perdido durante estes últimos anos será certamente maior do que o que se alguma vez perdeu ao longo da história da humanidade, pois à 50 anos atrás as pessoas que viviam espalhadas pelo pais guardavam consigo todos esses conhecimentos que não existem em livros, e muito desse conhecimento ainda passou para os filhos, que, muitos já estando em grandes centros metrópoles não viram necessidade em aplica-los, usando em revés conhecimentos bem mais citadinos, usando-os no seu novo quotidiano, e assim se foi apagando da memoria a experiência criada e adquirida ao longo da história. A cada geração que passa, a perda é maior, e não há maneira de a recuperar. A preocupação em tentar recuperar daqueles que o sabem e que ainda estão vivos, devia ser de todos nós. Imaginar a compilação de tais conhecimentos faz me lembrar a biblioteca de Babel. Fazer um registo é como imortalizar um sem número de gerações que foram vivendo, sem nunca descurar esse conhecimento e essas tradições que permitiram que a sobrevivência dos mesmos fizesse com que a nossa sortuda existência fosse possível…e, se teve sucesso…é porque funciona….
O que muitos poderão perguntar é se efectivamente esses conhecimentos são de facto de tal importância, para uma preocupação tão cerrada da minha parte? Pois eu obviamente acredito que sim…pois TODOS os conhecimentos até hoje adquiridos provem de observações e estudos ancestrais, mesmo os mais avançados centros tecnológicos usam dados que foram adquiridos antes do desenvolvimento cientifico, o que este fez foi, porventura, aperfeiçoar, limar algumas arestas e na maior parte dos casos comprovar que efectivamente o que os “antigos” diziam “até era verdade”.
Os exemplos são vários….as técnicas utilizadas à 100 anos para medir o tamanho e a massa da terra eram bastante rudimentares quando comparadas com as de hoje, mas o calculo estava praticamente certo…dou este exemplo não sendo o melhor para se perceber a natureza do conhecimento que desejava que não fosse perdido…mas serve para se perceber a tamanha viabilidade desse mesmo conhecimento até quando o extrapolamos para algo como o tamanho do nosso planeta.

29.3.05

Chegou o “Admirável Mundo Novo”

Uma notícia avançada pelo Diário de Noticias ontem 28/3 mostra que Portugal quer criar uma base de dados genéticos. Sempre temi pelo aparecimento desta notícia, sinceramente acreditei que não fosse tão cedo que a iria ver, mas infelizmente e para espanto meu ela surgiu. O receio que tenho associado a esta notícia é real, muitas pessoas assim não o acham, mas vou vos constatar que assim o é. A base de dados genéticos é nada mais nada menos que uma base de dados onde o nosso perfil genético estará presente, o governo diz que a necessidade desta base de dados surgirá apenas para colmatar necessidades forenses, o que já acontece noutros países da Europa, mesmo por este motivo não só a favor desta invasão da nossa privacidade.
O uso desta ciência, pode ser positiva, a terapia génica é já usada nos dias de hoje, problemas nos embriões humanos poderão ser detectados com a aplicação deste novo conhecimento e doenças genéticas graves que irreversivelmente trariam uma má qualidade de vida a uma criança pode hoje em dia ser detectada, até aqui tudo bem, uma utilização forense e uma utilização preventiva, até, repito até poderia estar de acordo…mas o problema não fica por aqui.
Perguntas como, quem utilizara esta informação obviamente se levantam, certamente que isto irá trazer um longo e complicado debate às nossas televisões, e não vai ser fácil conseguir explicar as pessoas de que realmente se trata, pois assuntos de fácil compreensão são alvo de longos e aborrecidos debates, imaginem um sobre este assunto.
O que me assusta neste assunto, é que a maioria das pessoas não faz a mínima das ideias das consequências que este tipo de informação pode trazer, esta informação nas mãos dos bancos, companhias de seguros, entidades patronais, vão fazer com que tu por exemplo, caso tenhas propensão genética para um qualquer tipo de doença, não quer dizer que a vás ter, mas que tenhas o gene característico ao aparecimento de uma determinada doença (que diga-se de passagem é bastante fácil, qualquer um de nós ter no seu historial genético um familiar com cancro, Parkinson ou outra infelicidade qualquer) não consigas ter direito a um empréstimo para comprar casa, para fazer um seguro de saúde, para trabalhares numa determinada empresa, baseando-se no facto que podes eventualmente vir a ter uma destas doenças.
Num país tão corrupto como o nosso, este tipo de informação vai andar espalhado como sementes ao vento, as consequências vão ser devastadoras, aqueles que não conhecem este tema poderão pensar que estou a exagerar, mas se nós estivermos dispostos a isto, a nossa vida vai piorar, ainda para mais, não se percebe porque Portugal que sendo o pais europeu com menos conhecimento e capacidade cientifico/tecnológico quer ser inovador nesta tecnologia, será que vamos ser as cobaias? Pois porque neste aspecto não se pode testar esta tecnologia e medir as suas consequências num pais de terceiro mundo (como fazem por exemplo com vírus), onde nem sequer existe uma sociedade organizada como a nossa, Portugal é o pais mais “terceiro mundista” ocidentalizado, temos as características perfeitas para sermos ratos de laboratório.
Não, não podemos deixar que isto aconteça, é uma invasão à nossa individualidade e privacidade tal que não existirá maneira de se voltar atrás.
E isto é o principio duma catastrófica sucessão de acontecimentos, depois de condicionarem os empréstimos bancários, o direito a seguros de saúde e a empregos (entre muito mais coisas), depois da tecnologia estar imposta na sociedade, as diferenças sociais iram aumentar drasticamente, pois como todos sabem já hoje elas existem, e quem tem maiores capacidades económicas, pode dar aos seus filhos melhores colégios, melhores condições para à pratica de desportos, entre outras condições como o simples acesso à Internet que como fonte de conhecimento pode bem ser um factor decisivo na educação de uma pessoa contribuindo assim para o seu sucesso pessoal e profissional, agora extrapolem estas diferenças para um mundo (que pelos vistos não esta assim tão longe) onde os mais ricos poderão “comprar” e dar aos seus futuros filhos por exemplo os genes de maior inteligência e destreza física, se isso acontecer, como se volta para traz? Se eles já são ricos, se eles já tem mais e melhores oportunidades, então com estas diferenças mais acentuadas a estratificação social vai conhecer uma realidade nunca antes vista, e os degraus vão ser maiores e impossíveis de subir.
Não podemos deixar que isto aconteça, esta nas nossas mãos, não permitir que a nossa vida, na mais pura das forma utilizada como ferramenta para a estratificação social em prole das vantagens dos mais poderosos.

Aconselho a leitura de alguns livros para perceberem melhor a dimensão do problema:
“ O SÉCULO BIOTECH - Dominando o Gene e Recriando o Mundo” - Jeremy Rifkin
“O NOSSO FUTURO PÓS-HUMANO – Consequências da Revolução Biotecnológica” - Francis Fukuyama

28.3.05

Poluição à venda na bolsa de valores

Isto já parece o mercado negro, se não é, para lá caminha. Isto porque nos últimos dias devido ou à seca, o frio, o preço do petróleo e a entrada em vigor do Protocolo de Quioto fizeram com que o preço das licenças de emissão de dióxido de carbono aumenta-se, licenças que são a unidade de referencia do sistema europeu de comercio de emissões, então, se o protocolo de Quioto para reduzir a quantidade de emissões de dióxido de carbono fez com que fossem atribuídas licenças as industrias de cada pais, porque é que estas se põem a vender as mesmas? Sendo que o sistema prevê atribuir gratuitamente qualquer coisa como 12.000 licenças, incluindo as 239 Portuguesas. A ideia é fazer um balanço das emissões de cada empresa, quem tiver a menos pode compra-las no mercado, ou então vende-las quem as tiver a mais…parece-me a mim que o protocolo de Quioto onde depositei tanta fé, para um melhoramento significativo do ambiente, não passa de mais um lobby para fazer circular dinheiro, que como toda a gente sabe é um dos factores de crescimento económico. Será que a atribuição de licenças é feita sustentando-se em bases de poderio económico/governamental. Será que quem quiser aniquilar industrialmente um concorrente, basta adquirir um maior número de licenças? (licenças que ainda não foram atribuidas e já se transicionam através de acordos futuros) Será que a entidade que as atribui ira se reger pelas necessidades de desenvolvimento de países subdesenvolvidos? A mim não me parece…é uma tristeza que até algo tão nobre como a tentativa de vivermos num planeta saudável, seja aniquilada pelos mais poderosos que se focam nas suas necessidades pessoais.
Para terem uma noção do quanto o nosso ambiente é ignorado, saibam que para se emitir uma tonelada de dióxido de carbono basta qualquer coisa como aproximadamente 15€ (valor variável), sendo que este valor em Fevereiro era de metade.
Percebam que o respeito pelo nosso ambiente praticamente não existe e que temos que ser nós (os pequenos indivíduos da sociedade) a desmascarar o que se está a passar pela divulgação e por uma atitude mais activa em prole de nós mesmos e das outras espécies.

27.3.05

“Vai devagarrr”

Se o cepticismo, não fizesse parte da minha personalidade, eu até poderia supor que ou por um capricho da ironia, ou talvez até por um misto de superstição e coincidência, tivessem cauisado o que se passou comigo poucas horas depois do novo código da estrada estar em vigor e horas depois de ter escrito no “Porquê” o post intitulado “Código “morse””.
Mas tal como eu tinha escrito, que o novo código da estrada não iria reduzir o número de acidentes, eu sou a prova viva que efectivamente isso não vai acontecer, pois aliado ao numero de acidentes já registados desde ontem 26/3, eu próprio estive envolvido num, felizmente sem danos físicos de maior registro, apenas umas leves escoriações.
Fica aqui a imagem do estado em que ficou o carro, para vos mostrar que se não fosse o cinto de segurança, e a velocidade reduzida talvez a esta hora não estivesse fisicamente apto para escrever estas palavras.



26.3.05

Código "morse"

O motivo das novas mudanças no código de estrada, não são a meu entender, mudanças que farão diminuir a mortalidade verificada nas estradas Portuguesas, digo isto por vários motivos, o uso de colete por exemplo, não há duvida que vai fazer com que a visibilidade aumente em caso de uma avaria ou outro qualquer inconveniente que faça o automóvel parar, mas quando ouvimos as causas das mortes nas nossas estradas, não consta a morte por atropelamento por causa de má visibilidade de alguém que mudava um pneu ou esperava por reboque, consta sim atropelamento de peões transeuntes, e não me parece que vá ser obrigatório o uso de coletes a toda a gente que atravesse ou circule perto de estradas, portanto esta medida não faz muito sentido (como referi não digo que não traga segurança, digo é que não vai diminuir o numero de mortes), outras mudanças como a aplicação de coimas mais elevadas para quem não cumpra as novas regras, e a mudança de muitas contra-ordenações até agora consideradas graves para muito graves, vai fazer sim com que os bolsos do governo se encham cada vez mais, uma vez que a maioria das contra-ordenações que foram exponencialmente aumentadas são aplicadas a grande maioria das vezes dentro das cidades, onde o numero de mortes é uma milionésima parte das que ocorrem nos auto-estradas e nos itinerários principais, locais onde a presença de semáforos e de sinais “stop” é praticamente inexistente.
Em contrapartida a velocidade mínima de circulação nos auto-estradas foi aumentada de 40 km/h para 50 km/h, não digo que seja um incentivo à circulação em velocidade excessiva, mas o contrário também não foi… não há duvida que é perigoso ir-se no auto-estrada a 160 km/h e depararmo-nos com um automóvel a 40 km/h, mas também não morre ninguém por esse motivo, porque supostamente não se pode andar a 160 nem o carro que por algum motivo circule a 40 não estará na faixa da esquerda, a não ser por avaria, e nesse caso não é a intervenção da policia nem a respectiva coima que irá mudar essa situação ao infeliz do condutor que já tem o seu automóvel avariado.
Imagino já a perseguição que se irá desencadear nestes primeiros dias, tentando apanhar os condutores mais desatentos e desprevenidos, para não falar na corruptibilidade que se vai original quando as coimas são tão elevadas.
Os autores de tal barbaridade não conseguem enganar nem os menos atentos, pois o lobby está a frente de todos nós, para não falar na tamanha estupidez de quererem nivelar as coimas com os outros países da Europa, mas quanto toca a nivelar os ordenados, ninguém tem tanta pressa em colocar Portugal junto dos restantes da UE. Vamos pagar multas como pagam na Alemanha, mas é importante não esquecer que na Alemanha um empregado de balcão recebe 1500€.
Não querendo ferir susceptibilidades, aviso de antemão que a minha vontade desde já é escrever um cem numero de palavrões, para tentar mostrar a quem quiser prosseguir na leitura deste texto a minha tamanha revolta, por isso aqui vai….Filhos de uma granda puta, ladrões do caralho, vão comer à pala do trabalho e não andem a tentar arranjar maneiras de roubar o povo de maneira legal.
Esta alteração ao código, é inequivocamente uma maneira de fazer os cofres do estado aumentarem, pois as verdadeiras mudanças que, eventualmente poderiam surtir algum tipo de efeito na redução do numero de mortos na estrada ficaram por fazer, talvez por receio politico ou qualquer outro motivo ainda não decifrado por mim.
Espero que esteja enganado e que efectivamente se vejam os números de mortos e de feridos graves reduzirem. Não vai ser difícil confirmar…

25.3.05

Carica vs Nintendo

O conflito entre gerações é marcado por atritos, muitas vezes impossíveis de resolver, não por falta de tentativas nem por falta de bom senso e compreensão por parte dos envolvidos, trata-se de pontos de vistas irremediavelmente diferentes, que hábitos e usos tornam o consenso algo difícil de se obter. O que faz com que as diferenças temporais de existência, sejam uma fonte de conflitos? A própria condição económica, e o avanço tecnológico vivido em épocas diferentes fazem com que um luxo no passado seja considerado uma posse banal dos dias passados, até aqui tudo bem, aceitar estas diferenças e tentar ultrapassar os problemas, é algo que fazemos diariamente com os nossos familiares mais idosos, obviamente estou a generalizar, existem muitos “avozinhos” por aí espalhados mais “open minded” que muitos das gerações mais próximas das nossas. Agora pergunto-me a mim próprio, se já eu sofro de um preconceito originado por esta mesma fonte, será que a minha não-aceitação, a anúncios apelativos à sedentarização em prol do desporto é já um complexo que tenho em relação aos mais novos? Neste momento não consigo sequer aceitar como é que marcas como a nokia e grupos como a sonae, pela mão da worten, fazem anúncios explícitos e demasiadamente claros que apelam ao consumo de material informático e telemóveis com jogos em detrimento de uma actividade física saudável, pois torna o desporto mais seguro se obtarem por faze-lo sentado no sofá. Certamente já toda a gente teve a infelicidade de constatar o que vou escrevendo nestas linhas e é definitivamente para mim…um choque… não é que quisesse que os jogos que entreteram a minha infância, fossem os mesmo que fizessem os meus netos passar as tardes na rua, mas uma sedentarização imposta quase como que por preconceito social aos jovens privando-os de actividade desportiva ao ar livre é assustadoramente medonho, já hoje em dia isso se passa, muitos são os jovens que optam por ficar em casa a jogar computador do que ir para rua fazer qualquer coisa que fosse, esta medida e opção, muitas vezes também é recebida de bom grado pelos pais que minimizam assim as suas preocupações. Sei que uma resposta válida para este problema é difícil de se obter, pois se alguns pais mais conscientes obtarem por não dar aos seus filhos “as ferramentas do divertimento caseiro” em detrimento da liberdade obtida na rua, vão se confrontar com problemas menos práticos de solucionar como queixas “sou eu o único na escola que não tenho um telemóvel” e outras mais, viver a pensar que os nossos filhos são apontados com desdém pela negativa quando na realidade é pela positiva, não há de deixar ninguém tranquilo…mas que fazer?
As consequências que tudo isto pode trazer são óbvias, doenças do foro cardiovascular, obesidade e a maior doença inerente a este problema é sem dúvida a não socialização.
É um fardo pesado o que os miúdos têm de carregar se estes em conjunto com os seus pais obtarem por este estilo de vida que eu não duvido que seja mais seguro, mas depois, a médio e longo prazo, as consequências vão ser devastadoras.
Pode esta minha preocupação ser intitulada de “conflito entre gerações”?

24.3.05

Copy Paste

Pergunto-me, o que incentivará tamanha falta de carácter? Este confronto diário persegue-me, por isso me leva a escrever novamente sobre o assunto. (aconselho a leitura do texto “MacMundo” nesta mesma página)
Não queria pessoas perfeitas, ninguém o é, queria apenas ver pessoas “diferentes”, pessoas que não se misturassem na multidão, e que agissem segundo os seus pensamentos, não os pensamentos dos outros, a precoce individualidade é um facto, talvez com o atingir da maturidade mais uns quantos indivíduos sejam capazes de se libertar.
Porque querem todos ser iguais, será que tem medo de ostentar o seu “eu”? Isso sim, isso é verdadeiro, isso é sincero.
Será que a falta de carácter, é consequente do confronto que se tem com as “pessoas perfeitas” que vemos todos os dias e a toda a hora na televisão, jornais revistas, e não achando que esta persuasão é suficiente, a perseguição continua nos outdoors espalhados pela cidade, será esse o motivo pelo qual as pessoas não tentam ser elas próprias, e ostentam continuamente características que não são suas, desvirtuando assim por completo a sua própria identidade. Seguir “ídolos” é fruto de uma auto-estima limitada, é quase uma obrigação terem que os seguir, e o resultado pratico e visível nessa postura é a auto identificação em grupos socializáveis, e mais, tentam fazer isso também com os outros apelando que determinado sujeito também pertence a um qualquer grupo só porque tem uma vestimenta parecida, intitulando os outros com nomes que dividem a sociedade em grupos, é uma postura ridícula, deixarem-se engolir pela bárbara despersonalização.
Libertem-se caralho, talvez assim consigam um pouco mais da tão desejada atenção, talvez assim consigam viver desoprimidos e consigam viver em total e completa harmonia com vocês próprios, libertando-se dessa penúria intelectual que não permite ver alem da capsula que reveste a mente de cada um.
Quando isso acontecer o resultado certamente terá como consequência um bombardeamento intensivo de criticas apelativas ao não saber viver em sociedade como “não consegues ser igual aos teus amigos”, “não consegues ser como os outros” entre muitas mais, mas é precisamente isso pelo qual se luta, por essa diferença, a luta é um esforço minoritário para quem conseguiu não ser absorvido pela padronização dos indivíduos e conseguiu manter a identidade, quem não o conseguiu, o choque e a luta vão ser maiores. As comparações são diárias, mas assim vão conseguir dormir pensando que não são um “ditado” do que a sociedade em geral quer que sejamos.
Marquem o vosso espaço com a vossa diferença, e aceitem as críticas como elogios, pois na verdade é disso que se trata.

Francisco Rebolo dá 'sonoridade' ao Porquê com: O homem do Tambor e o Tambor que lixa

“Acendam-se os fósforos nos tambores”
“....ao longo do sambódromo as personagens delirantes rodopiam-se num frenesi de histeria pura e o som dos tambores inter-age com os seus corpos..."
...um turbilhão de gente é arrastada em torno de um palco móvel, estruturado hierarquicamente....
ali todos exibem o tambor que vive dentro de si. Ao ritmo do samba o povo espelha a imaginação que bate sob o efeito de ilusão no tambor...”
A sua sensibilidade passa sempre pelo Tambor. Este é composto por duas faces que se espelham uma na outra. Tudo o que lhe toca tem resposta imediata. O Tambor nos homens é um espelho com repercussão virtualmente equilibrada entre este e o seu meio. Apto, para absorver qualquer sintoma inerente á sua posição no espaço e simultaneamente para ser absorvido, cabe a nós dirigirmos cada uma das suas faces, com perspicácia.
A realidade do Tambor não é autônoma existe entre os seres e a sua realidade.Esta é a sua realidade individual, um ponto de consenso entre o sujeito e os objectos que o rodeiam. O Tambor não se restringe apenas á diversidade dos sons, sopra um gosto vibrante em todas as palavras, isto porque disfarçado e quase nunca questionado é considerado natural. Diria mesmo, que é um órgão virtual entre o próprio cérebro e o coração.
“...o tambor que lixa é um ruído porque não é um tambor,vive pendurado no meu pescoço, vibra!!! È um vibrado ou talvez um fio de ouro geneticamente estudado por Deus, um crucifixo!....”
“O Tambor requer um determinado afastamento,cada um vive com a sua medida. Cada individuo ocupa uma determinada posição, a relação entre esta e a sua realidade, encontra-se no modo como o Tambor apreende a vibração da realidade. Ambos utilizam o mesmo canal para comunicarem.”
“O jogo começa e termina no consenso de uma balança,as respostas dificilmente conseguem existir como seguimento das questões do jogo da realidade.” A perspicácia de utilização do Tambor parte de um primeiro nível educacional. Compreendido o modo de entrar em cena, a posição do tocador não pode ser a do reflexo sobre o espelho (o acompanhamento musical de toda a cena).
“... coordenadamente sobre as duas faces, o Homem do Tambor faz a percussão total da marcha. ...pulavam e sorriam, como se este lhes fizesse esticar as peles da cara...”
“.... entre as cores da Terra, encontro uma tribo de negros, isolados numa clareira. Dançavam exorcizados ao encontro das imagens que o som lhes proporcionava.... ... esmagadas as duas mãos negras sobre a única face do Tambor, tornou-se impossível acompanhar com o olhar a histeria de sons que faziam vibrar as peles do batuco e toda aquela gente.....”
Entre nós e o Tambor mediático deve existir uma distância que seja variável ao modo como as circunstâncias se abatem sobre as suas faces. O ritmo, esse é coordenado pelas acçoes lógicas, que se repetem tautologicamente. O Homem do Tambor pretende acompanhar com o som da sua percussão a melodia da sua realidade.(O real marca o tempo musical) O batedor visivelmente dispõe de um ou duas faces do seu Tambor, para executar a batida. Esta propaga-se normalmente a um nível mais alto de som. O jogo dos sentidos interligam se, e as regras põem fim a uma possível continuidade da melodia chamada realidade. Essa continuidade passa em primeiro lugar pelo aspecto pedagógico da absorção. O mais simples e suave pormenor poderá ter na percussão um prolongamento com um fim inesperado. A resposta mais curta nem sempre é a mais rápida de se percorrer.
A maquina inflamável funciona como o Tambor. O objecto da realidade entrou no Tambor e as paisagens tornaram-se cibernéticas. Um simples botão contêm uma inúmera quantidade de sons e imagens que se interligam como um sistema nervoso intra-activo. O mundo exterior passa para dentro do Tambor e as regras do jogo enrijecem num desequilíbrio mediático. O Homem do Tambor aproxima-se demasiado deste, e torna-se nele mesmo confundindo-se com a paisagem mediática que o absorve. O êxtase está na química do Tambor, o ritual selvagem retoma uma posição de choque.As imagens tomam um contraste com o ritmo e articulam-se com a realidade da máquina computadorizada.Dentro do Tambor a realidade eleva-se ao cubo e a realidade virtual ocupa o seu lugar como mundo absorvente.
“Em plena selva, várias tribos suburbanas encontram como refugio espaços próximos do céu e dos astros... ... montada a tenda de circo e erguidas as colunas do templo virtual,começa se a desfazer o som num caos tecnológico virtualmente semelhante ao natural. ...dentro das cabeças dos discípulos o estado de trance apodera-se é velocidade louca dos ácidos...as imagens começaram a surgir e desenham-se numa infinita manipulação do Tambor, que vibra extasiado pelo som.O surrealismo hipnótico das imagens ergue-se em oposição ao realismo tecnológico e urbano.”
É no meio termo entre a realidade individual e a realidade envolvente que encontramos o nosso Tambor. Uma cultura individualista aproxima-se e em ascensão. As diferenças são encontradas dentro do plágio dos objectos. A diversidade coexiste com uma escolha,pré-definida!
O Tambor soa de dentro para fora e sobre as peles exteriores, vive ainda a realidade.
O objecto da arte sofre de uma mesma definição de som. Esteticamente analisado dentro do Tambor soa a um individualismo organizado em circulo fechado. Os valores tomaram a liberdade por alguma coisa que só pode ser conquistada num sitio desconhecido. Não acompanhar a realidade será difícil e difícil é realmente aproximarmo-nos dela. Quando a definição estética da arte encontra a sua liberdade dentro de um sistema, cujas questões valem como resposta a um êxito proferido ao nível dos bens matérias e da fama.
Os valores artísticos tornaram-se antagônicos.
O objecto da arte vive como registo, de uma escolha, e não como uma realidade concreta.
Os audiovisuais apoderaram-se dos registos que algum dia poderiam ser históricos.
O Tambor toca de dentro para fora!
Qualquer sintoma manifestado dentro da chamada arte, se torna demasiado previsível. Fora do Tambor a realidade e a liberdade,oferecem-nos a subtileza e a acçao como armas contra o fantasma que a realidade intra-activa do Tambor nos proporciona.
“O Tambor não respira expira poeira faz-nos espirrar, rodamos mais uma volta no carrossel e chamamos-lhe uma revolução!
Tem de se saber bater no Tambor, porque o Tambor é do maestro lá da banda.
Fósforos nos Tambores que nos lixam!”
A arte começa no seu próprio fim.O registo existencial permanece para além da intenção,por isso exige da acçao a subtileza adequada a um fim com o registo nas cinzas.
“...Cubram-se as faces dos Tambores com lixa e acendam-se os fósforos luminosos o suficiente para queimar os registos da própria luz..
Nota: A lixa sobre o tambor faz a realidade rastejar no atrito desta.

23.3.05

Nem os melhores

Uma rápida conversa de café sobre a 15ª maratona de Lisboa, elucidou-me para os constrangimentos sofridos por aqueles que mais se esforçam numa competição deste género, sim, estou a falar daqueles que participam na modalidade de cadeira de rodas, uma rápida avaliação psicológica diz-nos que quem esta a competir em tais condições tem uma motivação acrescida a um comum corredor, e tudo o que desejaria, seria um igual tratamento entre os demais, pois tal não acontece….exemplos são muitos mas rapidamente e a titulo elucidativo exponho alguns: No site oficial onde as listas dos resultados estavam afixadas, os resultados da modalidade de cadeira de rodas não estavam publicados (um telefonema para os responsáveis do site, e logo se prontificaram a desculpar-se dizendo que em breve iriam ser publicados), apenas o jornal “o jogo” se dignificou a gastar uma linha de papel indicando o nome do primeiro e do segundo qualificado, o site da câmara municipal de Lisboa apenas refere o vencedor do modalidade mas não se inibiu ao dar ênfase à participação de nomes como Jorge Sampaio, José Sócrates e António Carmona Rodrigues, chegando ao cúmulo de fazer referencia aos ilustres que viam a prova sem suor. A discriminação não fica por aqui, a rampa de acesso ao pódio era de tal maneira íngreme que dois dos três atletas portadores de deficiências motoras, que depois de mostrarem tamanha força de vontade e que com tanto orgulho conseguiram superar (e vencer) a competição, tiveram que pedir ajuda para receber o prémio…irónico não?
Agora façamos nós o exercício de transpor estas dificuldades e descriminações para o mundo real, mundo esse que não esta equipado para “ter rampas de acesso ao pódio para os vencedores da modalidade de cadeiras de rodas”… pois, não convém esquecer que quem têm de ultrapassar tamanhas dificuldades e obstáculos diariamente no seu quotidiano talvez não esteja tão bem preparado física e psicologicamente.

Foto:Catarina Larcher

22.3.05

Água d'Ouro II

Para quê uma data comemorativa se não se festeja nada? Alguém viu alguma comemoração, algum evento, que marque a comemoração do dia mundial da água? Data que representa “apenas” a vida, na sua forma mais simples. Não há uma justificação óbvia e sensata para tal desprezo para com esta data tão importante, mas o natal sim….o natal interessa lembrar 1 mês antes! Porque fazem do consumismo natalício uma data mais importante que a nossa própria vida? A resposta é sempre a mesma!
Falemos do que interessa, a Água que como toda a gente sabe é a ligação de um átomo de oxigénio maior ligado a dois átomos de hidrogénio mais pequenos, é a junção de moléculas mais perfeita que existe, não tem cheiro, não tem sabor, as suas propriedades são tão variáveis que tanto pode ser geralmente benigno como pode ser rapidamente letal, conforme o estado em que encontra pode congelar ou ferver, quando se junta com outras moléculas orgânicas pode formar ácidos carbónicos tão corrosivos que corroem estatuas e deixam as arvores sem uma única folha, a agua esta por todo o lado, uma batata tem 80% de agua, um tomate 95%, uma vaca 74%, uma bactéria 75%, e um humano 65%, só para termos uma ideia do que representa tal quantidade de agua, estes valores percentuais fazem com que nós sejamos mais líquidos do que qualquer sólido numa proporção de dois para um. A água não podia ser mais estranha.
O facto da água ser tão ubíqua faz com que tenhamos tendência a não a valorizarmos da devida maneira, enquanto substância extraordinária que é, e esquecemos que sem água o corpo humano deteriora-se rapidamente.
O nosso desprezo é tão absurdo que não nos faz pensar que uma ínfima parte da agua existente no planeta pode-nos envenenar, sim estou a falar da agua salgada., precisamos de sais para viver, mas a agua do mar tem mais do que o necessitamos, qualquer coisa como 70 vezes mais, apenas 3% de toda a agua do planeta é doce, e não nos podemos esquecer que vivemos num sistema fechado, não vai aparecer mais agua.
A maior parte desta água doce encontra-se em lençóis de gelo e calotes polares, apenas uma porção ínfima se encontra em lagos, rios e reservatórios naturais, e uma parte mais pequena, encontra-se nas nuvens.
A que conclusões obvias chegamos? Que todo e qualquer consumo excessivo de água é um luxo maior que qualquer outro inimaginável, não se pode gastar água como temos vindo a gastar. Todos nós conhecemos as simples técnicas que existem para fazermos um uso racional da água.
Apliquemo-las

21.3.05

Talvez com Suchard Express

Apesar da Primavera ter começado um dia mais cedo, o dia 21 de Março continua a estar marcado pela celebração do dia da Arvore e pelo dia mundial da floresta, mesmo tendo este dia a oportunidade de protagonismo devido a exclusividade festiva, não se viu nos meios de comunicação social nenhuma mediatização justa, nem justa nem nenhuma outra, pois uma rápida vista de olhos nas 1ªs páginas dos principais jornais diários nacionais fizeram me concluir com desalento que nenhum deles fazia referencia a tão importante data, e porque? Não vende claro, se nem os jornais como principal meio de sensibilização da população não fazem referência, quem o irá fazer contribuindo para uma vasta sensibilização? Até as iniciativas feitas pela Câmara Municipal de Oeiras e escolas do município, muitas vezes visíveis, este ano foram esquecidas (não estou a generalizar) mas eu não vi nada. Ainda não foi desta que o ar que respiramos teve uma ajuda para ficar mais límpido, teve o azar da chuva ter aparecido, e os responsáveis pelas tão desejadas iniciativas tenham ficado amedrontados pelo seu aparecimento, que não podia ter caído em altura tão propicia, pois seria uma boa ajuda para as recém plantadas arvores.
Facto de tal menosprezo é adjacente a um total desinteresse dos poderosos do nosso país, e não seria de esperar outra coisa, pois não é o dia da arvore que lhes ganha as eleições nem que lhes traz mais poder e dinheiro, talvez convencendo meia dúzia de “celebridades” da “alta sociedade” a plantar umas quantas arvores, e o resto do povinho seguisses tais passos, e ai sim, ai víamos nas 1ªs páginas dos jornais destaques do género “Xixi Caneças e Bimba Pita colocam o pau (tronco da arvores) do futuro nos seus áridos buracos (terra seca) dando assim inicio a uma nova vida” (não me interpretem mal). Bastava que 1/100 da população estivesse sensibilizada a pelo menos neste dia fazer algo para o futuro das gerações vindouras, mostrando assim algum altruismo, (bastante oculto nos dias que passam), e teríamos todos os anos qualquer coisa como 100000 arvores plantadas, são muitas arvores não são? Pois. Muitos se vão desculpando que não tem local para tal epopeia… (não tem local para plantar uma porra de uma árvore?)...mas basta abrir os olhos…e….ver…, sim ver, não é tão fácil como sentar-se no sofá à espera que as imagens da televisão entrem pelos nossos olhos dentro, mas também não é tarefa que exija demasiada destreza, asseguro-vos.
Suemos um pouco por nós e pelos que nos vão seguir….

20.3.05

Água d’Ouro

A seca, não é ao contrario do que tem vindo a ser especulado, uma única e tendenciosa consequência das desordens ambientais provocadas pela humanidade, sem duvida que é fácil atribuir todas as culpas a esse motivo, mas precedentes pluviométricos anormais mostram que antes dos índices de poluição serem tão elevados, períodos de seca iguais ou piores aos presenciados este ano fazem parte dos padrões pluviometricos do nosso país, não nos deixemos levar pelas fáceis e precipitadas conclusões dos mestres da oratória, para assim conseguirem de uma maneira especulativa aumentar o preço da agua tendo assim um motivo para tal. O lobby é assustadoramente abrangente, não só pela empresa pública de águas livres, mas também pelos comerciantes de águas engarrafadas, e até pelos estabelecimentos comerciais que falam em começar a cobrar o “copo de água” …vão para o caralho ladrões…. Já não basta os subsídios que vão sair dos nossos bolsos para acalmar a ira dos agricultores, eu até poderia estar de acordo com eles, mas o subsidio só chegará aos grandes produtores que queixam-se que não tendo os subsídios de calamidade para assim poderem gastar milhões de cm3 de agua preciosos para completarem o ciclo completo das suas produções, conseguindo receber os subsídios da união europeia, para depois muita dessa produção ser enterrada e assim poderem receber mais outro subsidio (aos mais cépticos aconselho a verificarem estes dados no site do ministério da agricultura), não me queixaria tanto se esses subsídios fossem dados aos que praticam uma agricultura de subsistência, mas tal não acontece. O período de seca que se vive hoje vai fazer com que o preço da água aumente, e os media tem uma importante cota de responsabilidade, pois estão de antemão a acalmar os consumidores mostrando de uma maneira sagaz o seca que atinge o país. Os barões da Epal têm assim o trabalho facilitado, o que obviamente leva à pergunta: Nos anos em que ao contrário do que acontece hoje em que a chuva era muita não ouve uma diminuição dos preços da agua pela parte dos mesmos?... Pois não, não ouve…calem se aqueles que especulam a mando dos barões e calem-se aqueles que desinformam prejudicando assim a vida já por si difícil dos que menos têm.

19.3.05

Uno

Viver em família é fruto de uma sequência de acontecimentos com milhões de anos, a evolução. A natureza percebeu que as vantagens da formação de pequenos grupos familiares seriam decisivas para a sobrevivência de cada um dos indivíduos. Essa união por vezes é difícil de gerir, conseguir atingir uma estabilidade duradoura não é propriamente uma tarefa fácil, é um mundo de regras onde todos têm que encontrar o seu espaço e tolerância suficiente para que os desejos e vontades pessoais consigam perdurar ao longo dos anos num espaço reduzido onde todos tem como objectivo sentir-se livres dentro da sua própria casa, ou seja fazer-se o que se quer mas respeitando todos os outros elementos do circulo familiar, a adaptabilidade a um grupo é por vezes uma árdua tarefa. Podemos dizer que a cultura Portuguesa é expert no desempenho de tal tarefa, por muito que oiçamos falar em violência domestica e em muitos outros problema inerentes a uma vida familiar, os Portugueses continuam a ser o povo europeu onde a presença dos filhos em casa se arrasta mais anos, talvez também por sermos o pais que temos o poder de compra mais diminuto, mas tentando afastar este problema real, não será um erro dizer que conseguimos de certa forma ultrapassar com sucesso os problemas que relatei no inicio. Outros povos europeus, mais a norte principalmente, quando confrontados com a realidade do nosso pais, julgam-nos retrógrados, pois a realidade vivida nesses países é totalmente diferente, é um gesto perfeitamente comum, os jovens saírem de casa com 18 anos, iniciando assim as suas vidas em total independência. Talvez muitos de nós sonhemos com tal passo, outros já o alcançaram, mas o que quero transmitir nesta ideia é que, já que é assim que vivemos, aproveitemos, pois esses anos em que vivemos protegidos pelas asas daqueles de mais nos amam, e que muitas vezes não os conseguimos compreender, são anos de transmissão de conhecimentos de vivência familiar entre muitos outros, que hoje em dia tanto têm feito falta aos jovens casais. São anos que nunca mais se voltarão a repetir, aproveitem aqueles que continuam a ter a sorte de chegar a casa e terem como recepção nem que seja a imagem dos vossos pais.

18.3.05

O abominável homem das neves.

Estamos a viver num momento crucial da historia da humanidade, chegamos ao anunciado ponto de “não retorno”, os índices de poluição continuam a aumentar assustadoramente, Desde a conferencia do Rio de Janeiro em 92 que não se viu mais nenhuma mobilização mundial capaz de ser mediática ao ponto de se fazerem algumas mudanças, a não ser o tratado de Quioto que é todos os dias desrespeitado mundialmente, inclusive por Portugal. Não se vêm progressos tecnológicos capazes de aguentar a sustentabilidade do planeta, todos os modelos energéticos alternativos como a utilização de células fotovoltaicas, os aerogeradores eólicos, e até os automóveis híbridos são uma milionésima parte daquilo que podia ser feito, mas como se vê mesmo estes modelos são descorados com o propósito de continuar a rentabilizar a industria petrolífera a mando dos seus proprietários donos do mundo, estas energias alternativas podiam ajudar a reequilibrar os ecossistemas no nosso planeta, mas os interesses assim não o permitem. Estas não são as únicas correntes malignas que levam a deterioração do planeta, como é do conhecimento geral, todos os anos uma área equivalente à da Bélgica é destruída na Amazónia, vamos culpar quem? O governo Brasileiro? Sim, podemos fazer isso, mas enquanto todos continuarem a utilizar a madeira como um acessório de luxo para impressionar os convidados nas nossas casas (para mim obviamente de uma maneira negativa), a culpa passa a ser também de quem é conivente com tal barbaridade ecológica. Apesar dos fluorclorocarbonetos (CFC utilizados nos perfumes, lacas, desodorizantes etc) terem sido proibidos, muitas marcas continuam a utiliza-los usando compostos químicos com bases muito semelhantes mas com outro nome conseguindo assim contornar os inconvenientes que uma multa (bastante ligeira comparando com o volume de negócios gerado) poderia trazer. A multa não incomoda os fabricantes, nós é que temos que os incomodar não usando os seus produtos. Muitas outras causas estão na origem dos muitos problemas ecológicos irreversíveis, mas muitas destas causas todos nós podemos ajudar a minimizar com pequenos gestos diários. Os nossos gestos de hoje vão ser decisivos para o amanha, se a consciencialização do problema não se alargar e se as mentalidades não mudarem, bem podemos começar a pensar em forçar os nossos filhos a estudar física astronómica para arranjarmos um outro planeta para a continuação da humanidade e todas as outras espécies que lhe conferem o equilíbrio único. O Homem quer se evidenciar e diferenciar de todos os outros animais dizendo que tem um cérebro com “consciência”…Onde está essa consciência? Podemos mais facilmente e por analogia comparar-nos com os vírus que vivem e destroem os seus hospedeiros até lhe provocarem uma morte prematura. O Homem esta a explorar todos os recursos e consequentemente a destruí-los, nos últimos 100 anos desapareceram mais espécies do que em qualquer outra altura, até nos pontos mais recônditos do planeta já se estão a notar as mudanças provocadas pelo Homem, como nos pólos, onde as calotes polares que são as maiores reservas de agua doce de todo o planeta estão a derreter a uma escala assustadora, em que as consequências não se traduzem apenas pela perda dessa agua, mas também ao aumento dos níveis dos oceanos (o que já esta a acontecer), destruindo assim todo o equilíbrio sensível existente nas orlas costeiras. A destruição de um único ser de um ecossistema pode levar a um desaparecimento avassalador de todos os outros seres que lhe estão ligados simbioticamente, o efeito é o de uma bola de neve, começando, as probabilidades de a suster são reduzidas, e as probabilidades de a fazer subir novamente ao topo da montanha são praticamente nulas.
Cabe-nos a nós mudar… e lutar por um desenvolvimento sustentável, não dói nada ou pode doer tudo….

17.3.05

MacMundo

Vivemos encurralados, sim encurralados, de um lado a individualidade cosmopolita traduzida por uma luta sem escrúpulos na sociedade consumista, do outro a padronização do indivíduo. Já não se consegue nem cheirar nem sentir o carácter à distancia, a personalidade evaporou (certamente mais uma consequência do aquecimento global provocado pelo efeito de estufa), o resultado desta virose global é o confronto diário com pessoas de roupa, mentalidade e outros aspectos do pensamento idênticos, o que ainda se consegue distinguir são as vestimentas o cheiro e o conteúdo oratório de algumas tribos isoladas, pelas quais se divide toda uma nação, perseguida pela necessidade de se por igual a estupidez obvia relatada na televisão, rádio e cinema “made in USA”.O aproveitamento óbvio da mentalidade básica humana de se querer igual aqueles que mais tem, é explorada por todos os franchising que encontramos já a roubar as nossas pequenas lojas. A consequência obvia de tamanha perca de individualidade é ver me confrontado com formigueiros inteiros de uma escala assustadora a seguirem se uns aos outros atraídos como que por uma segregação química natural (algo que na verdade se passa com as formigas, mas que nenhuma tese cientifica mostrou acontecer no Homo sapiens). Chegou-se ao cúmulo de se conseguir vestir nas mesmas lojas e comer nos mesmos restaurantes em qualquer cidade do mundo, não é preciso irmos ver com os nossos olhos, as próprias marcas fazem questão de ter luzinhas a piscar intermitentemente mostrando a localização das suas lojas espalhadas pelo mundo. (e.g.,MacDonalds). O sucessivo alastramento desta “contaminação” tem consequências obvias para a perda dos valores tradicionais, há quem diga que não, mas eu acredito piamente que sim, basta irmos a uma qualquer aldeia do interior do pais, e com uma breve conversa com um habitante local, percebemos rapidamente que não vivemos no mesmo mundo e ficamos boquiabertos a pensar que assim que aquela pessoa morrer, aquele conhecimento ancestral vai “partir tijolos” juntamente com o seu dono e assim perder-se para sempre, conhecimento este que foi passado de gerações em gerações através de tempos remotos, mas que ainda hoje são úteis e aplicáveis mesmo em ciências em que a dimensão do conhecimento cientifico é assustadoramente desenvolvida; sim estou a falar por exemplo da meteorologia…a moça bonita que apresenta o boletim meteorológico bem pode dizer que amanha vai estar um lindo dia de praia, e o site na World wide web que têm dados obtidos por satélite idem, mas se o velhote da aldeia olhar para o céu e vos disser que amanha afinal de contas vai chover…aconselho-vos a levarem convosco um chapéu de chuva…Não querendo fugir ao cerne da questão que me levou a escrever estas sucessivas palavras, temo que o alastramento desta epidemia seja inevitável, invoco à individualidade de cada um associada à lucidez de muitos dos que me rodeiam para mostrar a indignação à prepotência que alguns poderosos têm de quererem fazer de nós linhas de montagem, minimizando e reduzindo assim os riscos de “avarias” (revoltas e outras coisas mais) e custos inerentes à nossa “produção” (vida). Sonho que um dia ainda será possível vivermos sem que sejamos todos uns simples grãos de areia.

16.3.05

“A chave “ do Portas

É só um apontamento, mas decididamente que Paulo Portas esteve muito bem ao mandar os seus oponentes “dar uma volta” durante o debate televisivo que antecedeu as eleições…sem dúvida um manguito muito bem conseguido!
Apenas porque na altura Sócrates interrompia Portas quando este mostrava emocionadamente uns quantos gráficos comparativos da percentagem dos aumentos das pensões do anterior governo PS liderado por Guterres, com o aumento que tinha sido levado a cabo pelo Governo que Portas fazia parte.

Uma estranha maneira de coçar o nariz ou decididamente uma maneira subtil de mandar Sócrates para o caralho?

Está tudo doente!

Só pode estar tudo literalmente doente…acompanhando atentamente os últimos acontecimentos das novas politicas do primeiro-ministro, podemos constatar de uma maneira surpresa que a sua 1ª declaração depois da tomada de posse foi dizer aos eleitores que tanto confiaram nas suas promessas eleitorais, (algo que antes nunca tinha sido falado durante toda a campanha) que iria permitir a venda de fármacos não só em grandes superfícies, como em empresas petrolíferas e os seus agentes denominados “postos de abastecimento”, que desde cedo começaram a reivindicar também uma cota “milionária” de mercado, permitindo assim dividir o monopólio que então até agora era propriedade das farmácias e da sua associação nacional. Esta nova lei irá permitir o acesso generalizado a medicamentos que outrora apenas poderiam ser comercializados em locais onde supostamente há alguém de competência que aconselhe o “cliente doente”, irá permitir que a já infelizmente conhecida tendência dos Portugueses de se auto-medicarem aumente exponencialmente, aumentando o risco da dependência a fármacos no limiar da não necessidade. Estará agora disponível uma larga panóplia de medicamentos nos hipermercados, que como nós de uma maneira diária vemos, as marcas para terem os seus produtos expostos “à mão de semear” dos consumidores pagam fortunas (quem não paga não vê os seus produtos expostos) ainda com a hipótese de ter mostradores no inicio de cada corredor e junto das “caixas de pagamento”. Será esta politica de mercado a mesma feita pelos próprios hipermercados que anunciam a venda de um produto a um preço anormalmente reduzido, fazendo com que as pessoas se desloquem e acabem por comprar mais do que necessitam atraídas por um único preço que supostamente faria a viagem até ao hipermercado compensatória. Podemos então a titulo conclusivo dizer que os medicamentos ao estarem expostos “em cima de nós” fará com que o consumo aumente, pois só vai a farmácia quem esta doente, e se calhar uma leve dor de cabeça ou constipação certamente não levanta um telespectador de frente do seu televisor no conforto do lar para ir à farmácia comprar uma aspirina….
Esta lei põem em perigo a saúde publica de uma maneira geral, mas que interessa isso ao Sócrates, ele tem mesmo que pagar os favores as companhias farmacêuticas que tão gentilmente financiaram os seus jantares comício e toda a publicidade inerente à campanha eleitoral, para não falar de um eventual favor a um qualquer magnata norte Americano como por exemplo o tão conhecido Henry Kissinger (ex director da CIA e Director Internacional da gigante multinacional farmacêutica MERCK) que tão amavelmente nos ajudou a conquistar a nossa “liberdade” no 25 de Abril de 74.

15.3.05

O Princípio do Porquê

O "porquê" nasce de uma vontade ...precoce... de expor factos e opiniões que normalmente são ocultados em prol de um suposto bem-estar social. Os factos e opiniões aqui expressos servem para no minimo tentar ilucidar quem anda menos atento as questões quotidianas, e tentar responder a algumas questões que os nossos orgãos de comunicação social nos passam com o intuito de mostrar a realidade que alguns querem que seja mostrada, ocultando assim os pontos críticos e os lobbies existentes no seio do poderio económico/governamental. Vou tentar mostrar a "verdadeira verdade" para que tenhemos a nossa consciencia minimamente tranquila sabendo que tentamos não viver no mundo puxado pela máquina que nos estupifica chamada televisão.
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